Eletricista Gordo EDP - État Libre d'Orange
Família Olfactiva: Amadeirado especiado
Notas de topo: Pimenta preta, resina de elemi
Notas de coração: cedro, vetiver
Notas de Base: Opoponax, Mirra, Baunilha Orpur®
Existem fragrâncias que não só perfumam a pele, como também evocam uma história. Este é um deles. Desde o primeiro orvalho que se desenrola como um romance sulista escrito em letras de âmbar e pó, onde a protagonista é a beleza: selvagem, implacável e condenada à extinção. O perfume abre com uma explosão picante, quase cinematográfica, como se o primeiro fotograma mostrasse uma silhueta feminina contra o horizonte alaranjado do Texas, o vento nos cabelos, a terra a arder debaixo dos pés.
A pimenta preta explode com uma intensidade quase insolente, mas refinada, acompanhada pela resina de elemi, que proporciona uma luminosidade escorregadia, quase oscilando entre o cítrico e o terroso. Esta entrada é direta: é a juventude no seu momento mais altivo, brilhante e inconsciente da sua transitoriedade. Há algo de perigoso neste início, como o magnetismo inconsciente de alguém que ainda não sabe que o seu charme será uma faca de dois gumes.
No coração do perfume, a composição torna-se mais estruturada, como se a história da beleza começasse a assumir responsabilidades. O cedro oferece uma base elegante, sóbria, quase arquitetónica. O vetiver, por sua vez, apresenta uma textura seca, masculina e profundamente sensual, como a sombra de um cowboy a desaparecer num beco após o pôr-do-sol. Este duo central representa a maturidade da fragrância: serena, firme, mas com um toque de nostalgia que não pode ser ignorado.
As notas de base são uma verdadeira catarse olfativa. É aqui que tudo se desmorona em estilo. Opoponax e mirra envolvem a pele numa aura de mistério resinoso, como as ruínas de uma beleza outrora adorada. São notas que transpiram espiritualidade, mas também melancolia. A baunilha Orpur®, com o seu calor envolvente e qualidade requintada, não tenta esconder o crepúsculo, mas sim embelezá-lo, como uma maquilhagem perfeitamente aplicada num look que já viu demais.
Este perfume não procura agradar a todos. É uma criação para aqueles que compreendem a poesia do efémero, para aqueles que amaram corpos perfeitos e testemunharam o seu declínio sem perder o respeito pela história que contavam. É a juventude presa num jarro, mas também a sua despedida. Como uma beldade que já foi a rainha das festas de Palm Beach e que agora se refugiou no esquecimento suburbano de Nova Jersey, envolta num robe de cetim, a ver telenovelas com um copo de vinho barato.
Há um sentido de nobreza no seu declínio, como uma atriz reformada que já não precisa dos holofotes porque sabe que é uma lenda. Em cada nota há uma transição: do corpo para a alma, do desejo para a memória, do grito para a calma. Este perfume torna-se, portanto, um manifesto olfativo sobre a vaidade e o seu preço, sobre como o esplendor pode ser tanto uma dádiva como uma maldição.
Não é uma fragrância fácil. Exige atenção, compreensão e até luto. Porque sim, o que aqui se narra é uma perda: a do poder que a beleza dá, e que, como todo o poder, acaba por devorar quem o possui. Mas nesta perda também há redenção. E memória. E arte. A arte de captar no perfume o que a vida teima em apagar.
Aqueles que o utilizam não passarão despercebidos. Não pela estridência, mas pela profundidade com que o perfume ressoa no subconsciente de quem o sente. É um sussurro que diz: “Eu era esplêndido, e ainda sou, mesmo que seja em silêncio.” Uma beleza que, embora amaldiçoada, se recusa a desaparecer sem deixar rasto.
Ficha de dados
- Contenido
- 100 ml
- Cantidad ml para Precio Unitario
- 100ml
Referências Específicas
- ean13
- 3760168591105
- mpn
- FAT100
- Referência
- FAT100
- Marca
- Etat Libre d'Orange